Como devo proceder para ser avaliado como candidato a TR?

Antes de mais, deverá discutir com o seu Nefrologista Assistente da Unidade de Hemodiálise ou de Diálise Peritoneal se é um potencial candidato a TR de acordo com as suas características clínicas. Caso seja considerado um potencial candidato, tanto o TR de dador falecido como o de dador vivo podem ser considerados.

No caso do TR de dador falecido, cada Unidade de TR tem uma lista de espera, podendo cada candidato ser inscrito em duas Unidades. Assim, é aconselhável que seja referenciado à Consulta de Pré-TR de duas Unidades de TR. É livre de escolher quais as 2 Unidades da sua preferência, embora a proximidade geográfica seja um fator a ter em conta, dada a necessidade de múltiplas visitas hospitalares para a realização de consultas e de exames. Para sua informação, é de referir que existem 8 Unidades de TR em Portugal: 2 no Porto (Hospital de São João - CHUSJ e Centro Hospitalar e Hospital de Santo António - CHUP), 1 em Coimbra (Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra) e 5 em Lisboa (Hospital de Santa Maria - CHULN, Hospital de Santa Cruz – CHLO, Hospital Curry Cabral – CHLC, Hospital Garcia de Orta e Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa). Em cada uma das consultas de pré-TR será verificado se reúne as condições para ser candidato a transplante, e, em caso afirmativo, será inscrito na lista de espera para TR de dador falecido dessa unidade.

Nessa mesma consulta, a possibilidade de receber um TR de dador vivo também poderá ser considerada, caso possua um potencial dador. Nesse caso, o processo decorre de forma semelhante ao já exposto acima em relação ao TR de dador vivo preemptivo.

Como é efetuada em Portugal a atribuição de órgãos no TR de dador falecido?

O sistema nacional de alocação de órgãos para o TR de dador falecido atribui pontos a um conjunto de fatores: idade do recetor e do dador, a compatibilidade imunológica, o grau de alossensibilização e o tempo em diálise. Adicionalmente, a distribuição do rim doado é efetuada entre pares do mesmo grupo sanguíneo (por exemplo, um órgão de um dador do grupo A é oferecido aos candidatos em lista desse grupo). Assim, sempre que existe um rim disponível, o sistema informático pontua os candidatos potenciais para essa oferta de acordo com os fatores referidos e o rim doado é atribuído ao candidato com a maior pontuação.

Após inscrição em lista de espera para TR de dador falecido, qual a probabilidade de ser transplantado?

A probabilidade de lhe ser atribuído um rim decorre da forma como pontua em cada um dos fatores considerados no sistema nacional de alocação acima referido, sendo maior se estiver mais tempo em diálise, for mais compatível imunologicamente com o dador e tiver uma idade mais próxima à dele. Em Portugal, o tempo de espera por um TR de dador falecido é em média de 5 anos, sendo cerca de um ano menor (4 anos) para os candidatos do grupo sanguíneo A e um ano maior (6 anos) para aqueles do grupo O. Os candidatos do grupo sanguíneo B e AB têm um tempo de espera habitualmente menor que 4 anos.

Salienta-se ainda a existência de um subgrupo de candidatos designados como hipersensibilizados, que esperam uma média de 10-12 anos por um transplante de dador falecido, por serem incompatíveis imunologicamente com a grande maioria de potenciais dadores. A possibilidade de pertencer a este subgrupo poderá ser esclarecida junto do seu médico na Consulta de Pré-TR. Caso seja o seu caso, poderá também aí saber mais sobre possíveis alternativas com vista a melhorar o seu acesso ao TR.

NON_2019_0015_PT, DEZ 19